Mauriti possui, hoje, muito mais de quinhentos universitários que se deslocam ao cair da tarde para Missão Velha, Barbalha Juazeiro ou Crato, é uma constelação de inteligências buscando o saber na academia: aprender mais, se especializar, enfim se preparar para o indomável mercado que não respeita oligarquias, riqueza, ou poder, se dobra apenas ao conhecimento, ao saber.
Essa busca insone e cansativa, luta tenaz para se qualificarem, esforços para alcançar um novo patamar de conhecimento os tornam sujeitos de sua própria educação; rompem princípios de uma sociedade alienada, de visões políticas limitadas, mediante o esforço e o agir como protagonistas de seu próprio destino.
No seu caminho, todavia, tem um país em crise econômica e moral e um município em dificuldades financeiras e de gestão, em face de heranças administrativas e legais ainda não resolvidas. Não obstante, são limitações a serem vencidas, através de um novo caminho que leve, nesse caso, a administração municipal a reavaliar o número de ônibus, o conforto e a segurança desses veículos, que atendem ao futuro de nosso município. Para embasar suas decisões é necessário apenas ter o cuidado de examinar alguns indicadores que dimensionam bem nossas carências: PIB per capita cinco vezes menor do que médiado PIB per capita nacional,o IDH ainda muito baixo, nível de nossa educação deixa a desejar, além de muitos outros indicadores que atestam nossa pobreza e a omissão de nossos políticos. Avançar na educação justifica quaisquer sacrifícios do poder público municipal, inclusive repor os ônibus em quantidade suficientes para o deslocamento desses estudantes. Mesmo que tenha de negociar com outras esferas de governo, uma contrapartida mínima para que o benefício do transporte atenda a todos. Pois, para se navegar com segurança não precisa reclamar do vento, condenar a tempestade ou punir o timoneiro, apenes devemos ter o cuidado de ajustar as velas quando necessário. Nessa questão e nesse momento a administração municipal precisa ajustar as velas do barco chamado governo municipal.
Mauriti enfrenta todas as limitações inerentes aos que vivem no semiárido, portanto, para romper com a inércia econômica, social e política que nos aprisiona ao atraso, entre as saídas que temos, uma delas, é o investimento em educação. Apoiar os universitários é investir em educação. São as oportunidades sociais, que devem ser colocadas a disposição da sociedade, sobretudo aquilo que fortalece as áreas de educação, saúde, etc., com isso se vai construindo a liberdade substantiva para que cada indivíduo viva melhor.
FRANCISCO CARTAXO MELO
Professor da UECE aposentado, Economista/Analista de Planejamento Seplag/Iplance aposentado, Consultor organizacional FLACSO (Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais)