Trabalhadoras devem ser as mais afetadas no mercado de trabalho porque têm menos acesso ao teletrabalho, sofrem com a informalidade e se dedicam mais aos afazeres domésticos.
A crise econômica provocada pelo coronavírus ameaça reverter os ganhos econômicos das mulheres no mercado de trabalho, de acordo com um relatório publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira (21).
A diferença salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho segue elevada, mas houve avanços nos últimos 30 anos, destaca o Fundo.
Segundo o FMI, as mulheres devem ser mais prejudicadas porque trabalham em setores – como varejo e turismo – afetados pela prática de distanciamento social.
Nos Estados Unidos, por exemplo, 54% das mulheres atuam em setores em que o teletrabalho não é utilizado. No Brasil, essa relação é de 67%. “Em países de renda baixa, no máximo, apenas 12% da população é capaz de trabalhar remotamente”, diz o FMI.
As mulheres também estão concentradas na informalidade, grupo mais afetado pela crise econômica atual. “Os meios de subsistência dos trabalhadores informais foram muito afetados pela crise do Covid-19”, diz o FMI. “Na Colômbia, a pobreza das mulheres aumentou 3,3% por causa da paralisação das atividades econômicas.”
O FMI também aponta que as mulheres são mais propensas a fazer trabalhos domésticos não remunerados – são 2,7 horas a mais por dia do que os homens. Dessa forma, a interrupção de várias atividades por causa da pandemia deve fazer com que as trabalhadoras regressem ao mercado de forma mais lenta.
“No Canadá, o relatório de empregos de maio mostrou que o emprego das mulheres aumentou 1,1% em comparação com 2,4% para os homens, uma vez que a necessidade de cuidados infantis (em casa) persiste. Além disso, entre os pais com pelo menos um filho menor de 6 anos, os homens estavam aproximadamente três vezes mais propensos a voltar ao mercado de trabalho do que as mulheres”, destaca o órgão.
Por fim, o FMI afirma que a pandemia aumenta mais o risco de perda de capital humano entre as mulheres. Nos países em desenvolvimento, muitas estudantes deixam a escola e passam a trabalhar para complementar a renda familiar.
Na Libéria, a parcela de meninas que deixou de frequentar a escola praticamente triplicou depois da crise do Ebola, segundo o relatório do FMI com base em dados do Fundo Malala. Na Índia, desde o início da crise provocada pelo coronavírus, os sites que organizam casamentos mensuraram um aumento de 30% em novos registros de famílias que dizem querer garantir um futuro para as suas filhas.
“Sem educação, essas meninas sofrem uma perda permanente de capital, sacrificando o crescimento da produtividade e perpetuando o ciclo de pobreza entre mulheres”, afirma o FMI.
O que fazer
O relatório do Fundo recomenda que os países adotem medidas para mitigar os efeitos da pandemia entre as mulheres.
O FMI afirma que os governos devem garantir uma renda para os mais vulneráveis, promover incentivos para que haja um equilíbrio entre trabalho e responsabilidades familiares, além de melhorar o acesso aos cuidados de saúde e planejamento familiar.
O órgão também sugere que os países ampliem o apoio às pequenas empresas e aos trabalhadores independentes e eliminem as barreiras legais que impeçam o empoderamento econômico das mulheres.
Fonte: Portal de Noticias G1